O ZOE é uma das grandes imagens da Renault na aposta da mobilidade eléctrica. Como o tempo passa a correr, quase ninguém se recorda que surgiu em 2012. No mundo automóvel isso faz dele um (quase) veterano, mas também não podemos esquecer que os franceses renovaram esta proposta em 2015, adoptando um motor menos guloso, e conseguiram oferecer mais de 150 km de autonomia. A evolução não parou e em 2017 o renovado ZOE reivindica um raio de acção ainda mais elevado.
As novas baterias foram desenvolvidas em parceria com o Grupo LG. São mais eficazes, mas como a tecnologia tem um preço, também são mais caras (o que eleva o custo do ZOE em cerca de 2 500 €) e 21 kg mais pesadas (350 kg). São dois óbices. O primeiro pode ser contornado com a política de aluguer da marca francesa, que retira esse custo do bolso do cliente contra o pagamento de 69 €/mês (mais 10 € do que no modelo actual) por uma utilização de 7 500 km/ano (acrescidos de 10 €/mês por cada mais 2 500 km/ano), mas o segundo condiciona as performances e a própria autonomia. Aliás, utilizar fibra de carbono, como faz a BMW no i3, disparava ainda mais os custos...
Por isso, a posição de condução continua a não ser a ideal. É muito elevada, ao estilo dos SUV, porque as baterias estão colocadas sob os bancos, o que impede que os assentos dianteiros sejam reguláveis em altura, e o volante é muito horizontal. Já era assim e continua a ser assim...
Quem quiser andar um pouco mais depressa percebe de imediato que a condução de um veículo deste tipo é diferente. Os travões são bruscos e não é fácil modular a travagem na abordagem às curvas.
Num percurso de 103 km, e com uma condução "domingueira" sem nunca ultrapassar os 90 km/h, chegámos à zona de Óbidos com autonomia para mais 156 km. É bom, apesar do ritmo da viagem poder ser considerado como um bom soporífero...
No regresso a Lisboa, num percurso maioritariamente em auto-estrada, percorremos 93 km a uma velocidade tão normal quanto os 135 km/h anunciados pela Renault permitem. Os números fizeram toda a diferença: só estavam disponíveis 98 km de autonomia quando atingimos o ponto de partida.
EM CONCLUSÃO. Não temos dúvidas em admitir que o novo ZOE acaba por ser um importante passo em frente, apesar de custar mais 2 500 euros, e admitimos que é possível percorrer cerca de 300 km. A este nível é uma das opções mais interessantes do mercado e uma proposta para quem considera que "devagar se vai ao longe", pois só assim se pode pensar na autonomia anunciada.
Motor: Eléctrico
Potência máxima: 92 cv
Binário máximo: 225 Nm
Velocidade máxima: 135 km/h
0 a 100 km/h: 13,2 s
Autonomia anunciada: 300 km reais
Emissões de CO2: 0 g/km
Preço desde: 24 650 €
+ EVOLUÇÃO. É um passo importante ao nível da autonomia, mas ainda há um longo caminho a percorrer.
- HABITÁCULO. A posição de condução não é a melhor e a qualidade dos materiais merecia um upgrade.